quinta-feira, 21 de maio de 2009

2.

fecharei os olhos da água que nos lava
continuarei a perder pequenas pérolas uma a uma do fio que se partiu

os dias irão romper a jorna das veias

hei-de atravessar novamente a ponte
quem esperará bebendo o mel que deixaram para nós
direi a todos tê-la atravessado

eles segurarão os dias com as mãos presas às portas
saberemos, no final que bateu, ainda que não dentro mas fora de si próprio

esta é a largura do tempo que nos deixarão os mortos
a lua voltará a encher-se num céu de verão

acabaremos por fim a desejar o estio

um dia olharei para trás e verei que o castelo que se ergueu é belo, seguro, próspero, e que vive em paz
vou cerrar os punhos amanhã para poder levantar as pedras

recortada no firmamento, ela olhará para a obra e dirá: serviste-me bem.
as crianças dormirão repletas de plumas
e tu verás também que tudo é possível

o centro é o local por onde amanhã a água irá jorrar
e ali, ali mesmo surgirá uma claridade de saber que se não falhou

o poder do sangue restará colado às árvores
teremos nós coragem de crescer assim?

lado a lado os olhos ficarão rasgados por meio das lâminas
haverá então algo de bom, de perfeito, de deus no nosso ser

acabaremos a olhar a pele dourada



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